segunda-feira, outubro 17, 2011

Dear G.

Upon Viewing Malick's Tree of Life

Você é legal e tudo mas é sempre a mesma história. Na primeira vez eu era novo e ingênuo e tudo funcionou a contento, mas sempre acabava com aquela sensação de vazio e as mesmas desculpas de que você trabalha de jeitos misteriosos e que tudo acaba se ajeitando. Mas dessa vez a gente já descobriu os segredos do universo e de cada micróbio e de como fazer chover.
Então não venha com fogos de artifício quando tudo que eu preciso é de alguma certeza de que a aleatoriedade não vai arruinar todos os meus pequenos planos pra semana que vem ou pro resto da vida. Se for pra voltar com charadas e jogos de palavras, melhor não vir. Estamos extremamente bem sem você e o que falta we’ll figure it out. Eu estou cansado de promessas futuras e de ler as estrelas, só queria um ombro ou um sorriso de euseicomosãoascoisas.
Mas por favor não volte com a mesma história. O universo é bem bonito. Eu te odeio. As formigas só acreditam em duas dimensões, mesmo vivendo em três. Nós levamos o homem até a lua e ainda assim eu não consigo dormir antes de amanhecer. Está todo mundo lá fora correndo, usando balaclavas e atirando molotovs, mas o que mudou de verdade? Eu continuo não sabendo o que fazer da vida ou se semana que vem eu ainda vou querer estar por aqui.
É tudo terrível e é tudo inócuo. Eu quero ralar meus joelhos por alguma coisa, estou cansado de medos imaginários. Quero a cidade, quero o frio na barriga de virar em alguma esquina estranha, quero novas mitologias.
Você não dá conta. Ainda sentir alguma coisa por você é puro atavismo. Você é pequena e mesquinha e ainda tenta explicar o mundo. O mundo não quer ser explicado. Quer ser vivido e no máximo descrito com um pouco de imaginação e espírito. Nós estamos muito bem sem você, não precisa voltar. Logo eu invento um novo pra tapar o buraco. Ou eu viro um novo pra tapar o buraco dos outros. Eu sei é que estamos bem pra caralho, na medida do possível. Mas logo vai ser melhor.

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