segunda-feira, maio 28, 2007

stop.

eu não estou pronto pra guerra. toda guerra é feita por motivos estúpidos e acaba gastando muito mais recursos e esforço do que o motivo estúpido realmente vale. é tudo fetichização. não faz sentido brigar por um poço de petróleo ou umas opiniões contrárias. toda guerra é ruim. No fim, tudo que você tem que lutar por, é ruim. As coisas boas são gratuitas, espontâneas e aleatórias. Não cabe todo mundo no mundo e todos sempre querem a melhor parte, isso é óbvio. Então o que deve ser seu acaba sendo de uma maneira ou outra. a guerra é uma coisa tão idiota que chega um ponto que você nem sabe porque está lutando. eu não sei porque eu luto, não sei porque eu reclamo. será que isso de amor é só outro tipo de guerra? anda muito parecido ultimamente. eu quero paz. talvez se eu raspo a minha cabeça e vou pro tibet. ou viro cientista e vou pesquisar a cura do câncer ou um chiclete que nunca acaba o gosto. ou me tranco com uma pilha de livros e volto mais sábio. Eu só sei que eu estou cansado. E quero paz. Eu poderia estar muito mais bonito, esperto e inteligente se a gente estivesse simplesmente pulando na cama e falando besteira, mas tem todo o mundo em volta. wouldn't it be nice if we were older? Lógico que eu não vou me cansar de outras guerras, um homem precisa de coisas pra distrair pra vida passar numa velocidade não tão desconfortável. Mas não tem sentido essa guerra. Maybe if we think and wish and hope and pray it might come true. Ou então se eu ficar bom nisso de ficar quieto e não reclamar. Não há motivos pra lutar, vou ficar aqui quieto esperando a gravidade ou seus ciclos indecífraveis de translação te trazerem aqui pertinho. Prefiro acreditar nas estrelas do que na guerra. Não existe guerra elegante e sutil e eu cansei de quebrar pratos. Eu quero as coisas perfeitas, mas não preciso lutar pela minha verdade, eu posso simplesmente inventar um jeito dela funcionar. A verdade é o silêncio num solo de trompete do chet baker. E o silêncio é vencer a tentação de colocar uma coisa onde ela não deveria estar. E é isso que eu preciso, esvaziar até sobrar só o essencial, e depois esvaziar mais um pouco. Dormir sem sonhar, só ficar quietinho e o tempo passando.

terça-feira, maio 22, 2007

all tomorrow parties (e amanhã nunca chega)

Eu queria escrever coisas bonitas e dizer que está tudo ok, mas seria mentira. A felicidade tem mas acabou, está em qualquer lugar menos aqui. Tem sido bom de verdade voltar a programar, lá “erro e tentativa” funciona. Você erra uma vez, corrige, erra de novo, corrige e de repente começa a funcionar. E funciona pra sempre, mesmo que você faça um milhão de vezes. A vida real não, é tudo terrivelmente inseguro e ambíguo. Todo dia parece que eu acordo e as regras mudaram completamente e quando eu finalmente estou decifrando tudo. Bang. Mudou tudo de novo. E eu costumava gostar disso, dessa generosidade de significados e caminhos e words are flowing out like endless rain into a paper cup. Mas de repente as coisas não funcionam. Dizer um grande sim pras coisas e mirar bem, de olhos fechados, e atirar costumava acertar bem no alvo. A arte do arqueiro zen e bla-bla-blá. Agora não. Eu posso fazer o que eu acho certo, o que eu acho errado, o que é certo “de verdade”, o que é errado “de verdade” e no outro dia parece que apertando o grande botão de reset da existência e eu tenho que começar todo mundo. E o Camus - o backstreet boy do existencialismo – ainda teve a idiotice de dizer que Prometeu gostava de carregar a pedra até lá em cima e cair. Só se ele fosse masoquista. Nem se ele fosse masoquista, na realidade. Não tem inferno maior que estar num ciclo eterno de qualquer coisa, mesmo que existam momentos bons dentro do ciclo. E o que piora a sensação é ainda a certeza de que esticando mais um pouquinho o braço eu chegaria ao final, e de repente eu estou no começo de novo e todas as esquinas pela frente. Um dia eu acordo e sorrio e digo tudo ok vamos lá, outro dia eu nem quero sair da cama, já sabendo como vai tudo acabar. A única coisa que muda no labirinto sou eu. Mais velho, mais cansado e nem por isso mais esperto. That’s what the blues is all about. Se eu saísse por aí tocando trompete ou escrevesse um livro ainda estaria tudo ok, mas eu só durmo demais, rôo unhas, procuro saída nas mesmas músicas, respiro fundo e vou lá beber mais um copo.