terça-feira, maio 04, 2010

hoje é véspera de nada

This door is always open
No one has the guts to shut us out
But if we have to go now
I guess there's always hope that
Some place will be serving after hours
(...)
We're finally drunk enough that
We're finally soaking up
The hours that everyone else throws away
And if we have to go now
I guess there's always hope
Tomorrow night will be more of the same

Se eu pudesse eu teria evitado aquele segundo do 'com tudo isso em mente, um beijo não vai matar ninguém'. Nós destruímos tudo, qualquer possibilidade das 'coisas não ficarem esquisitas'. Agora sempre que eu olho pra lá eu tenho aquele sentimento de hemingway vs. fitzgerald e eu gosto porque eu sou o lado que sempre vence mas mesmo assim acaba estourando os miolos com uma espingarda que o mundo não valia esse esforço todo. De todos os possíveis pares que aquele quarto já recebeu nós, os mais improváveis e ao mesmo tempo os mais explosivos e ao mesmo tempo esse gosto de isso nunca vai acontecer de novo e sua dissimulação nada convincente e toda essa escalada da culpa e eu testando seus 'points of shall not return' e você rindo de desperdiçar bourbon com guaraná sem gás por preguiça de buscar mais cerveja e você achando essas bandas meio chatas e tarde demais pra voltar pra casa e você nem querendo saber que música era e eu "esquecendo" graveyard girl no repeat e tornando as coisas perfeitas com a garota mais improvável na cidade mais improvável no dia mais improvável e no passado mais improvável. E como a iluminação, como qualquer acidente de jogo, qualquer coincidência feliz, saber que tudo pode acontecer de novo daqui a cinco minutos ou daqui a cinquenta mil anos. Então eu me escondo em algum dos mil livros que não te interessam e penso em escrever alguma coisa bem mentirosa pra parecer tudo simples e casual do jeito que a gente combinou, mas a verdade é que eu não conheço essas palavras e eu sempre acabo pensando demais em todas as possibilidades e 'todas' sempre abrange muito mais possibilidades ruins, entre um meteoro e um amor de verão repentino, do que possibilidades boas como a gente conseguir todo dia esquecer o que aconteceu e cometer os mesmos erros que provam que na vida a maioria dos resultados absurdamente bons são obtidos pelos erros mais idiotas, algumas cervejas, algumas palavras mal entendidas, dublagens ruins, discos empoeirados, cigarros e objetos de sorte esquecidos no fundo da gaveta. Eu aprendi a controlar a abertura, a velocidade e a dioptria pra você nunca mais sair mil vezes tremida quando rouba meus óculos e pede uma fotografia. Eu comprei um traveseiro da Nasa. Você voltou com uma nova história. Eu achei bom, mas mesmo assim vou deixar um espaço do seu lado do colchão e umas cervejas a mais na geladeira pra quando você voltar.

2 comentários:

dansesurlamerde disse...

"saber que tudo pode acontecer de novo daqui a cinco minutos ou daqui a cinquenta mil anos".

e se não acontecer de novo?

beijo.

clara m. disse...

tiiiiiiime means nothing