sábado, abril 19, 2008

arrastando os móveis e tirando a poeira

"A tua presença entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve o meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca, verde, vermelha, azul e amarela
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas"


estamos em 2008 ainda? Tem hora que parece que a gente tomou um desvio e foi parar em algum outro lugar e espaço. Tem dia que é a vida de repente dá lugar a um sonho de buñuel, ou de padaria, que é bom também. De repente tudo é símbolo e totem e segurar sua mão entre as mesas é tão importante quanto a rotação da terra e memorizar as marquinhas do seu rosto é um passo essencial para garantir que a lua não vá se desprender da terra e sumir daqui. A vida tem se dividido em semanas, com dias de você e o espaço em volta (pense em um átomo de hidrogênio, com toda aquela solidão imensa entre o núcleo e o elétron, que esse é o tamanho do...) Aqui não vamos falar de translação que tem essa hipótese do tempo circular, os dias tem ganhado consistência e cheiro de casaco guardado no armário pro primeiro dia de inverno (falar de estações não faz sentido também, mas licença poética já que o inverno é tão...) que a manhã vai lavar tudo e então tudo é permitido e nada tem o gosto duro de tinta marcada e sequência cronológica que os autores ruins se obrigam, que os melhores livros não tem isso de contar do jeito que aconteceu e muito menos na ordem. Mas será que escrever pode balançar essa ordem? Eu devia manter o trato de não quebrar o silêncio enquanto ele fosse gostoso? Será que a caneta é a maçã que vai tirar a gente desse edén do tempo circular? Será que é alguma outra coisa? Será que isso é bom? Viver os mesmos dias em seu preço, claro. Nós nunca vamos envelhecer, mas vamos esperar pra sempre o filme novo com a kirsten ou os discos que iam sair semana que vem. Fica o trato que vale a pena e vamos só deixar o inverno chegar praquele casaco não ter sido à toa e que sempre vai ter sorrisos matinais e alguma conversa sem sentido no ouvido só pra tocar sua maçã (agora a do rosto) enquanto o sono não vem ou eu não admito que ele já veio faz tempo, só quero ficar mais um pouco e voltar pra casa ouvindo as músicas que você escolhe e ainda não sabe. Cuida pra que tudo continue leve e bonito assim, que sua presença já preencheu demais até a minha sala e eu não quero que só brilhe pela ausência.

p.s.: quando vamos sair pra dançar?

Um comentário:

Anônimo disse...

a tua presença é parte de mim que eu deixei crescer junto com o cabelo, reguei e coloquei pra secar.

será q se nós darçarmos o mais perto possível, eles acreditam que somos um só?.... um beijo.