terça-feira, maio 22, 2007

all tomorrow parties (e amanhã nunca chega)

Eu queria escrever coisas bonitas e dizer que está tudo ok, mas seria mentira. A felicidade tem mas acabou, está em qualquer lugar menos aqui. Tem sido bom de verdade voltar a programar, lá “erro e tentativa” funciona. Você erra uma vez, corrige, erra de novo, corrige e de repente começa a funcionar. E funciona pra sempre, mesmo que você faça um milhão de vezes. A vida real não, é tudo terrivelmente inseguro e ambíguo. Todo dia parece que eu acordo e as regras mudaram completamente e quando eu finalmente estou decifrando tudo. Bang. Mudou tudo de novo. E eu costumava gostar disso, dessa generosidade de significados e caminhos e words are flowing out like endless rain into a paper cup. Mas de repente as coisas não funcionam. Dizer um grande sim pras coisas e mirar bem, de olhos fechados, e atirar costumava acertar bem no alvo. A arte do arqueiro zen e bla-bla-blá. Agora não. Eu posso fazer o que eu acho certo, o que eu acho errado, o que é certo “de verdade”, o que é errado “de verdade” e no outro dia parece que apertando o grande botão de reset da existência e eu tenho que começar todo mundo. E o Camus - o backstreet boy do existencialismo – ainda teve a idiotice de dizer que Prometeu gostava de carregar a pedra até lá em cima e cair. Só se ele fosse masoquista. Nem se ele fosse masoquista, na realidade. Não tem inferno maior que estar num ciclo eterno de qualquer coisa, mesmo que existam momentos bons dentro do ciclo. E o que piora a sensação é ainda a certeza de que esticando mais um pouquinho o braço eu chegaria ao final, e de repente eu estou no começo de novo e todas as esquinas pela frente. Um dia eu acordo e sorrio e digo tudo ok vamos lá, outro dia eu nem quero sair da cama, já sabendo como vai tudo acabar. A única coisa que muda no labirinto sou eu. Mais velho, mais cansado e nem por isso mais esperto. That’s what the blues is all about. Se eu saísse por aí tocando trompete ou escrevesse um livro ainda estaria tudo ok, mas eu só durmo demais, rôo unhas, procuro saída nas mesmas músicas, respiro fundo e vou lá beber mais um copo.

2 comentários:

Anônimo disse...

eu nem sei roer unha.
=[

clara m. disse...

... e quem sou eu pra dizer que as coisas um dia vão ficar no lugar?

ler mentes me deixaria trezenta vezes mais perturbada do que eu sou, sem parecer =)