sábado, maio 17, 2008

linhas bobas

Yeah, I was a postcard, I was a record
I was a camera until I went blind
And now I am riding all over this island
Looking for something to open my eyes
But I still sing glory from a high rise
And I will say thanks if you’re pouring my drinks
While the world waits for an explosion
That moment in time when we'll be set free

So don’t stay mad, just let some time pass
And in the morning you’ll wake feeling new
And if I don’t come back
I mean, if I get sidetracked
It’s only cause I wanted to
I'm keeping up with the moon on an all night avenue



Sentado sozinho na frente da tela em branco, penso o que essa gripe está tentando me ensinar e o que o meu corpo está querendo dizer com isso. Eu odeio a sensação de imobilidade e de não poder estar por perto e não poder fazer diferença nenhuma em nada. Queria te apertar e te abraçar e dizer coisas bobas bem perto do seu rosto sem ter que me preocupar com suas amigdalas e se você também se resfria fácil. A verdade é que mesmo sem gripe eu não posso estar por perto o quanto quero. Eu queria entender o que leva a gente a estar tão perto e ao mesmo tempo tão inconstante. Eu queria achar os intervalos bonitos igual acho bonitos os silêncios no chet baker ou os planos gigantes e lentíssimos naqueles filmes que eu fico um tempão perdido no seu rosto e quando volto pra tela ainda não aconteceu muita coisa. Mas com você eu tenho medo dos contrastes e das ausências. Era tão fácil aceitar a mudança em tudo quando todo mundo era igualmente sem-graça, é só você chegar e qualquer rudimento de desapego zen desaparece. Eu perco minha frieza e despreocupação, como as crianças que quando se esconde o rosto acham que você sumiu/nunca existiu/foi embora. Eu preciso ver sua risada, preciso ouvir seu rosto e preciso sentir sua voz. Eu tenho medo de que você enjoe, que você vá embora, que você se chateie e vá procurar um lugar melhor e outras criatividades. As linhas dos livros se embaralham e eu deixo a comida esfriar enquanto espero você voltar. Eu acendo as luzes, lavo os copos, ligo a tv, abro as persianas, jogo tetris, leio revistas velhas, clico em mil lugares e nada. Queria não ter que te ver em horários definidos. Preciso de você umas vintecinco vezes por dia, e isso dura mais ou menos uma hora. Na realidade queria que fosse só abrir o olho ou virar o pescoço uns quarenta e cinco graus e já ter você na visão periférica. Preciso de você aqui pro mundo ser suportável e eu ter vontade de escrever, dançar, cozinhar, ler, cantar sem que essas coisas sejam só o estofamento que separa os encontros e despedidas. Queria saber lidar com as fases e ciclos, respirar fundo, construir máquinas enquanto espero um dia em que tudo vai ser melhor e eu não vou ter que preencher esses cheques em branco da ausência com o nome de todos livros e músicas e filmes do mundo e ainda sobrar tanto vazio.Mas é tudo tão impossível de entender. Nada é simples quando eu estou com o nariz entupido. Já que a lógica não funciona mesmo, agora eu vou abrir o sorvete de limão, tocar a música que me fez lembrar de você ontem e fazer acordos pra que os dias passem rápido se for pra você entrar pela porta e que não passem nunca se for pra você ir embora no final. E repetir mil vezes que você volta, mesmo não sabendo se é verdade e sem argumentos lógicos pra convencer a mim mesmo, e olha que eu estou louco pra acreditar.

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