sábado, outubro 20, 2007

queimar pontes é a coisa mais triste do mundo, mas é melhor destruir do que criar coisas sem motivo.

I've got a box full of letters
Think you might like to read
Some things that you might like to see
But they're all addressed to me
I wish I had a lotta answers
'Cause that's the way it should be
For all these questions
Being directed at me

E no final você sempre precisou mesmo foi de alguém mais burro que não perceba suas variações de humor e não saiba ler seus gestos e que aceite cegamente quando você diz que está tudo ok e não vê que quando você respira desse jeito, com os ombros mexendo devagar, não está nada bem e você está muito brava e que quando você passa os dedos atrás da orelha é porque ainda falta alguma coisa e você quer sim a sobremesa e ouvir que não vai fazer diferença, não está gorda e nunca esteve tão bonita.
Mas sempre foi assim, toda mulher que me deixa logo vai procurar o cara mais bidimensional possível. Acho que tenho o dom de deixar as pessoas cansadas com esse negócio de não aceitar meio-termo, ou está comigo e aceita assaltar bancos e bombardear países imaginários ou não está. Não suporto ninguém encostado no umbral decidindo se entra ou não e às vezes te puxo pela mão forte demais e você cai e machuca o joelho mas você nem liga pro machucado, você até gosta de ser mimada por uma coisinha que qualquer band-aid tampa.
Há um tempo atrás eu mal sabia o que era um band-aid, mas ando meio hipocondríaco de uns tempos pra cá desde que eu tive aquela virose estranha e ninguém veio me visitar e eu fiquei pensando que se eu morresse de repente o mundo seguiria e ninguém daria muita falta não, então é hora de cuidar da saúde já que só eu me importo mesmo em continuar aqui. Talvez eu tenha Síndrome de Asperger, andei pensando nisso. Eu não consigo ter empatia pelos outros. Quase sempre eu tenho mais pena de um livro que acaba na hora errada ou um filme que poderia ter se salvado do que de uma vida que acaba na hora errada ou uma pessoa que poderia ter se salvado. Não sei, o Grant Morrison que falou que o Reed Richards do Quarteto Fantástico tem, e eu me acho parecido com ele um pouco. Talvez isso seja só desculpa pra eu ser insensível. Mas eu não sou insensível, só não tenho essa mania de olhar para trás, o que é bom de um lado mas por outro faz com que eu acabe cometendo o mesmo erro várias vezes, só muda o corte do seu cabelo e o seu nome, as histórias são iguais. Eu sou sempre o culpado e sempre deixei alguma conta a pagar. Ou você diz isso só pra ainda ter o que dizer sobre o assunto. No fundo eu sei que não tenho obrigação nenhuma, eu posso escolher ser um cretino ou um cara legal e o karma não está lá fora pra me pegar. Não quero me constranger com o certo ou o errado, só quero saber do que minha vontade manda e pronto. Eu até poderia me importar com os outros, mas quase todo mundo sempre está estragando meus diálogos, meus planos e improvisando irritantemente, já que se mudassem pra melhor eu não ligava, mas sempre é uma versão inferior e esteriotipada. Não que eu queira ser diretor da minha própria vida, mas coisas como trilha sonora e você saber as respostas certas e as palavras bonitas não são negociáveis e é por isso que eu acho que vou continuar no monólogo até o fim e nunca vou saber o que é escrever à quatro mãos. E sim, eu percebo a ironia disso tudo.

9 comentários:

mariana disse...

me ganhou naquele pedacinho em que preguei um "me identifiquei" do lado ;]
queria ser cliché e te mandar ficar tranqüilo, que um dia tudo se resolve e bla bla bla, mas não consigo - não sinceramente, pelo menos. mas tenho achado que talvez o bonito de tudo seja mesmo esse caos todo. é um consolo bobo, mas mais verdadeiro.

(não sei se fiz algum sentido, mas enfim. beijão para o senhor.)

Thais Farage disse...

por que ninguém puxa você forte pela mão, pro umbral que não é seu, que vc não conhece?
eu ia bater palma. ia achar divertido.
;)

e você quer ser, sim, diretor da sua vida. mas acho bonitinho. porque ninguém mais sabe escolher palavras e monologar sobre si mesmo, mas fingindo que é sobre alguma coisa mt maior e mais intelectualóide, melhor que vc. e ninguém me engana melhor, ninguém me entretem mais.

e eu tenho pena do resto do mundo que não tem vc na vida como eu...
porque quando tudo cai no buraco, eu sempre tenho vc.

amo, né

Unknown disse...

é.

Ananda disse...

Você sou eu.

Rebeca Xavier disse...

vc é ela.
*sim, eu sei que vc é ela e não estou apenas comentando por comentar*

Débora Antunes disse...

Ah! Isso não é um pedido de visita, é só uma espécie de "satisfação", você escreve coisas simples de uma forma tão doce e ao mesmo tempo humana, com todo egoísmo humano e etc.
Além disso me senti uma daquelas vítimas do tempo, coisas como "eu podia ter pensado nisso um dia", mas você pensou primeiro e agora sei disso e já não posso dizer que pensei.
Bom, acho que você deveria atualizar isso, seria um prazer ler.

Ananda disse...

Eu e esses meus sentimentos não-correspondidos! Mas foi bem gentil. :)
Será que a demora contribuiu pra você não ser eu?
Engraçado, uma amiga encontrou seu blog através de um link que eu supostamente teria linkado no meu fotolog. Que estranho, se eu tivesse visto seu blog antes teria lembrado, ele é marcante. :)

Débora Antunes disse...

O questionário ficou conhecido como de Proust por ter sido respondido por ele na infância e depois mais tarde, já na juventude. Mas na verdade não passa de uma sequência de perguntas tipo aqueles cadernos adolescentes.
Tive tempo de descobrir que gosto de Proust, mas também tive de descobrir que sou preguiçosa demais pra terminar todos os livros :/
Um dia termino, é uma meta para a vida.
Quanto a conhecer mais de mim, pelo menos eu sei o seu nome, segundo Proust os nomes são muito importantes.
Beijos :)

maria. disse...

estava olhando seu blog e caí bem no post da regina spektor, achei incrível, math, *=